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Douglas Barbosa

REVIEW: Matilda - O Musical

Talvez você leia a review mais inexperiente do mundo neste momento, vindo de uma pessoa que está escrevendo sobre sua segunda experiência em um musical. Sim, antes de Matilda eu havia apenas assistido Wicked, temporada de 2023 dos mesmos produtores no Teatro Santander. Porém, creio que as sensações do teatro são comuns para todos, talvez alguns sejam mais detalhistas e criem expectativas diante de conhecimentos mais aprofundados como conhecer peças estrangeiras ou até mesmo produções diferentes, mas você não verá nada disto aqui, apenas uma pessoa que decidiu comprar o ingresso pois queria sentir a nostalgia como sente ao assistir o filme na televisão.


O Teatro Claro, onde a produção foi feita, fica bem localizado e até mesmo próximo de estação de trem. O teatro fica dentro do Shopping Vila Olimpia, o que facilita a entrada com lanches pois não há uma revista grossa e também é o recomendado caso queira assistir o musical comendo algo, pois as opções fornecidas são pipoca e chocolates, todos muito caros, sendo um combo de refrigerante em lata com pipoca saindo por 30 reais, mais caro que o próprio ingresso de BALCÃO ECONOMY.


Antes de assistir a peça, eu decidi ver o musical produzido pelo Netflix para saber o que me esperava da experiência, o que já matou de vez uma expectativa anterior de imaginar que veria uma cena de Matilda no sofá cantarolando alguma música enquanto controlava mil objetos ao seu redor como a famosa cena do filme. O filme tem um enredo diferente, mas não foge da caracteristica principal dos personagens, Matilda sendo uma menina inteligente e mal compreendida pelos seus pais, os pais sendo egocêntricos e gananciosos, a professora sendo bondosa e que sofreu nas mãos da tia malvada e a tia malvada sendo a diretora de uma escola que maltratava crianças.


Para quem não assistiu o filme, talvez se surpreenda melhor que eu e não compreenda algumas partes. Porém, vacinado e precavido, lá vem o primeiro ato da peça que é o nascimento de Matilda. Primeiro ponto interessante: Não sei até agora como conseguiram fazer com que as crianças memorizassem tudo e fossem extremamente profissionais, pensei a qualquer momento que veria uma criança esquecendo que aquilo é um trabalho e se divertisse, mas vejo que o jogo de cintura e até mesmo algumas cenas dão essa liberdade para elas se soltarem e brincar com a plateia.


Ao conhecermos a família de Matilda, temos Myra Ruiz roubando totalmente a cena. Para quem assistiu a atriz em Wicked, ela está totalmente colorida, mas não de verde, usando roupas extravagantes e mostrando um lado do humor que ela não teve talvez tantas oportunidades na peça anterior, é brilhante ver os dotes artísticos de Myra ao levantar suas pernas e mostrar toda uma dança muito bem coreografada sem perder o fôlego enquanto canta.




Fabrizio Gorziza interpreta o Sr. Wormwood, o pai de Matilda, e tem um momento de destaque em um ato da peça. No entanto, notamos que as cenas mais engraçadas são aquelas que esperamos e que contam com algum toque de efeito especial, como a cena da troca de cor do cabelo. O personagem realmente representa um desafio para o ator, já que ele precisa transformar alguém desprezível na história em alguém que faça o público rir.


Uma personagem que merece muitos elogios é a Senhorita Phelps, a bibliotecária que ouve as histórias de Matilda e acredita que a menina é muito amada por seus pais, interpretada por Mari Rosinski. Seu sotaque e suas expressões faciais são notáveis, fazendo com que o público se emocione junto com ela enquanto Matilda conta as histórias. Mari Rosinski interpreta a personagem de uma maneira tão convincente que, em alguns momentos, eu quase me esqueci de que estava assistindo a uma peça e não algo que estava realmente acontecendo ali. As cenas com a Senhorita Phelps têm alguns dos cenários mais dinâmicos da peça, mudando à medida que a história se desenrola, e depois tudo desaparece, voltando ao ponto de partida, o que é simplesmente incrível.


Com isto temos a Matilda indo a famosa escola Chunchen Hall para conhecer a professora Honey e também toda a ambientação diferente do que ela imaginava que seria um colégio. Neste momento, os atos musicais são recheados de soletração e as crianças cantando em conjunto, porém há momentos que você não conseguirá entender a letra por ser muito rápida ou por conta da acústica do teatro (lembrando que eu fui de BALCÃO ECONOMY).


O palco possui as letras enormes escrevendo MATILDA, e você verá que cada letra forma locais diferentes e traz uma criatividade absurda nas criações de ambientes. É basicamente trabalhar com o mínimo de espaço, mas dar a ídeia ao espectador do que aquilo realmente significa.


E assim conhecemos a senhorita Honey, interpretada por Fabi Bang. Era de se esperar que Fabi tivesse muitas cenas para demonstrar sua potência vocal, mas, surpreendentemente, não são muitas as cenas em que vemos a atriz soltando a voz. No entanto, há um momento tão belo em que ela está ao lado de Matilda, tomando uma xícara de café em sua cabana, que pode fazer você derramar lágrimas discretamente, sem que ninguém saiba o quanto isso te tocou. De fato, é uma cena linda demais.


Por fim, e não menos importante, a ascensão de uma estrela, que é Mafe Diniz, interpretando o papel de Matilda na sessão de estreia, demonstrou um talento impressionante. Em alguns momentos, era difícil entender a rapidez das falas, o que era esperado em algumas cenas, mas a jovem demonstrou sentimentos, carisma e um vocal tão majestoso que ela realmente se destacou. Em três horas de peça, em poucos atos ela saía de cena. Com muitas falas, incluindo algumas em outro idioma, ela foi realmente uma escolha brilhante.



As canções em destaque que me tiraram o fôlego foram as versões adaptadas de "Naughty", "Loud" e "My House". E se vale realmente assistir Matilda - O Musical no teatro? Digo que vale cada centavo. Creio que com a diferenciação também do elenco, vale a pena ver intepretações diferentes, mal posso esperar para retornar e ver o que as outras Matildas irão trazer para a personagem.


E se for no teatro assistir, deixe seu celular de lado, afinal havia muitas pessoas que decidiram ficar tirando fotos e gravando algumas partes, creio que você acaba atrapalhando a experiência das outras pessoas. O elenco no final acabam atendendo a todo mundo, as crianças, é claro, com a presença dos pais. São muito carismáticas! Vale a pena registrar o momento e claro, respeitar o espaço dos atores.


O musical está com um programa de fidelidade para quem for assistir mais vezes ganhar alguns prêmios, sendo o último o patinete de Matilda. Não deixe de participar e prepare-se para pegar uma fila longa para garantir seu carimbo.

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