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Crítica | Minha Irmã & Eu

Douglas Barbosa

Imagine que você precisa criar um filme de comédia capaz de transmitir uma mensagem que ressoe com milhões de brasileiros. Por onde poderíamos começar? Talvez focar no tema familiar seja o mais tocante, especialmente nos personagens principais que formam uma família, com destaque para a mãe. Mesmo que o título não a coloque em evidência, mais uma vez nos deparamos com um filme onde a mãe é o núcleo principal, unindo, formando o enredo e no final proporcionando uma conclusão emocionante para todos.


Para ilustrar essa abordagem, podemos fazer uma comparação com "Minha Mãe é Uma Peça", filme de Paulo Gustavo lançado em 2013. Agora, imagine assistir a esse filme, mas de um ponto de vista diferente, e teremos "Minha Irmã & Eu" dirigido por Susana Garcia, também responsável por "Minha Mãe é Uma Peça".



SINOPSE.

O filme retrata a história de duas irmãs, Mirian (Ingrid Guimarães) e Mirelly (Tata Werneck), filhas de Dona Márcia (Arlette Salles). Dona Márcia tinha o sonho de formar uma dupla sertaneja com suas filhas, mas acaba vendo seus planos desmoronarem quando as duas seguem caminhos opostos. Mirelly decide se mudar para o Rio de Janeiro, enquanto Mirian opta por permanecer no interior de Goiás.


Após uma intensa briga entre as irmãs, a mãe, desapontada, decide fugir sem deixar rastros, deixando as filhas apreensivas e determinadas a encontrá-la. A busca se desenrola pelas cidades do interior de Goiás, onde Mirian e Mirelly enfrentam desafios, reencontram antigas amizades e descobrem mais sobre si mesmas no processo. O filme explora temas como família, reconciliação e a busca por seus próprios caminhos na vida.


FOTOGRAFIA


As cenas do filme destacam impressionantes paisagens, desde as famosas orlas do Rio de Janeiro até as deslumbrantes cachoeiras e áreas verdes das cidades de Goiás. É incrível observar mais filmes explorando as belezas, por vezes desconhecidas, do Brasil, revelando que há tesouros em lugares muitas vezes esquecidos.


A produção proporciona uma visão positiva de locais simples, desmistificando a ideia de que simplicidade é sinônimo de pobreza. Pelo contrário, a simplicidade é apresentada como algo belo e, por vezes, suficiente para aqueles que residem nesses espaços. Em um momento marcante, a personagem Mirelly reflete sobre isso enquanto está em um bar de estrada, deletando seu Instagram. Essa cena é cativante, pois Mirelly percebe que o que ela considerava "o bastante" no Rio de Janeiro não se compara ao encanto do "bastante" dos outros, mostrando que a simplicidade pode ser muito mais interessante do que a busca constante por mais.


PERSONAGENS


O filme destaca duas personagens principais, Ingrid e Tata, cujos desenvolvimentos são abordados de maneiras distintas. Ingrid ousou ao adotar o sotaque interiorano desde as primeiras cenas, mas notamos que ele se perde ao longo da história, ressurgindo em alguns momentos de diálogo com o marido. O marido de Mirian, Jayme (Márcio Vito), é retratado como controlador, principalmente ao "segurar" o relacionamento por meio do dinheiro, a atuação de Márcio cria o sentimento de querer ter ódio do personagem. Essa dinâmica transmite uma mensagem sobre relacionamentos abusivos, destacando um encerramento de ciclo digno, em sintonia com temas atuais, como a citação sobre o trabalho não remunerado feminino e o contexto feminista que Mirian inicialmente rejeitava por influência do marido.


O crescimento de Mirian não se limita ao relacionamento, abrangendo também questões como o conhecimento do corpo e do prazer. Ingrid, com sua experiência em "De Pernas Pro Ar," efetivamente retrata a transformação de uma mulher insatisfeita para alguém com total poder sobre seu corpo, agregando empoderamento à personagem.


No entanto, as cenas de Tata Werneck, conhecida por suas habilidades cômicas, parecem perder um pouco de foco diante das inúmeras gargalhadas da plateia. O desenvolvimento da história da personagem de Tata é obscurecido, deixando algumas tramas sem explicação e chegando a um final feliz de maneira abrupta, principalmente a aparição do personagem de George Sauma nas cenas finais. Algumas críticas argumentam que Tata interpreta a si mesma constantemente, atribuindo isso à sua comédia única. No entanto, em um momento mais sério, durante o pedido de perdão de Mirelly para a irmã, nota-se uma diferença marcante entre a comédia característica de Tata e sua capacidade de atuação mais séria.


A aparição de Arlette Salles é de pouca duração, ás vezes sendo interrompida pela sua versão mais jovem, e no final fica a grande questão da carta enviada para as filhas: "Por que não deixou na casa antes de partir já que queria um tempo sozinha e que não a procurassem?" e o que gerou o reencontro após cantarem juntas.


Leandro Lima interpreta o boiadeiro que seduz a personagem de Ingrid, resultando em uma cena de sexo no filme. Não apenas a cena foi roteirizada por Ingrid, mas também foi ela quem escolheu o ator para contracenar com ela. O resultado é muito bem ensaiado e contribui para o humor das próximas cenas. O ator se destaca pela beleza alinhada ao papel, mas sua presença em tela é breve.



REFERÊNCIAS EXTERNAS


Mirelly é introduzida na história como uma cuidadora dos cães de famosos, principalmente da cantora Iza, que participa de maneira rápida. Mas no desenrolar, percebemos que vários atores convidados começam a surgir como a de Lázaro Ramos e Taís Araújo, o blogueiro Hugo Gloss  e até mesmo no final a dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, que de alguma forma trouxeram uma comédia referente a refêrencias sobre a vida dos famosos. E não só a presença dos atores como muitos diálogos e cenas. Tem um ótimo diálogo entre as personagens principais questionando sobre a sexualidade dos cantores atuais e até mesmo uma vaga referência em uma cena ao filme da Hannah Montana.


CONCLUSÃO


Para quem quer dar uma boa risada, este é o filme que eu recomendaria sem pensar duas vezes. Mas, para quem quer uma história inédita talvez já esteja óbvio demais a fórmula. Por mais que as personagens sejam as irmãs, o foco ficou centrado na mãe e até mesmo o encerramento e momento destaque é da própria mãe, tornando o filme mais um entre os outros. O filme é claramente uma homenagem ao Paulo Gustavo, em minha opinião, e ele é trazido de uma forma mega sútil em uma cena.


Se quer um filme para analisar toda a história, você vai notar pontas soltas e pode se decepcionar, o foco talvez seja trazer um problema, emocionar com a solução e envolver comédia em tudo e isso não faltou em nenhum momento, talvez devemos ser menos analistas e deixar que a risada tome conta, isso que é o importante.


O filme "Minha Irmã & Eu" lança dia 28 de Dezembro no cinemas.










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