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Crítica l Não Abra


Produzir e dirigir filmes de terror que consigam encantar os fãs do gênero sempre foi um desafio. Por muitas vezes, a fórmula perfeita para garantir espaços na memória afetiva de seu público pode ser uma tarefa difícil de encontrar, uma vez que os gostos e as expectativas do público estão sempre evoluindo. Em "Não Abra", o diretor Bishal Dutta aceita a missão com a ajuda de grandes produtores Raymond Mansfield e Sean McKittrick, que foram responsáveis por um dos filmes mais emblemáticos da década passada, "Corra" (2017).


No filme, com a brilhante atuação de Megan Suri no papel principal, somos transportados para a vida de Samidha, que está tendo que lidar com alguns conflitos internos, dividida entre manter as tradições de sua herança indiana e se adaptar à vida tradicional americana. O enredo dá uma reviravolta interessante quando Tamira, a ex-melhor amiga de Samidha, surge de repente, buscando auxílio para lidar com uma entidade sobrenatural.




A escolha de um diretor indiano para dirigir o filme foi crucial para trazer autenticidade e profundidade à representação da cultura indiana. Ter um diretor que entende todas as grandes camadas culturais e as tradições do país contribuiu para uma representação mais fiel. Isso permitiu que o filme explorasse aspectos da cultura de uma maneira que teria sido difícil para um diretor estrangeiro.


O filme, favorecido por essa narrativa sólida de passagem por alguns aspectos de outras tradições e no mergulho em tradições e conflitos culturais, não consegue escapar de um pequeno tropeço ao não desenvolver plenamente as relações entre seus personagens. As conexões entre os personagens às vezes parecem faltar de profundidade e desenvolvimento. Em particular, a relação entre a protagonista e Poorna, sua mãe interpretada por Neeru Bajwa, que merecia um pouco mais de atenção. O público poderia entender a complexidade desse relacionamento, especialmente nas cenas em que um conflito claro se evidencia.


Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, foi a atuação de Megan Suri e Mohana Krishnan, intérprete da Tamira, que brilharam intensamente ao decorrer do filme, entregando interpretações notáveis e autênticas. Suas habilidades de se conectar com o público são palpáveis, fazendo com que a plateia mergulhe profundamente nos sentimentos expressos por essas talentosas atrizes em performances excepcionais e que merecem destaque.


No entanto, apesar de uma cena inicial repleta de tensão, o filme, ao longo de seu desenvolvimento, acaba errando em manter o ritmo de suspense e terror que prometia inicialmente. Isso resulta na clara dificuldade de atingir um clímax impactante e na certeza de que o público dificilmente conseguirá absorver completamente na intenção que a trama busca estabelecer. Além disso, é importante salientar que alguns furos no roteiro contribuíram para a falta de tensão percebida. Estes elementos problemáticos na narrativa acabam por criar obstáculos que blindam ainda mais a construção da atmosfera de suspense, minando a capacidade do filme de realmente prender e captar o interesse.


A caracterização do demônio Pishacha, por outro lado, pode ser um ponto que divide as opiniões. Enquanto alguns podem apreciar a abordagem adotada, outros podem achar que ela deixa a desejar no que diz respeito a inspirar verdadeiro medo e tensão. Apesar dessas críticas, é fundamental reconhecer que a experiência oferecida pelo filme é válida por sua capacidade de se afastar do convencional das produções hollywoodianas e das narrativas recorrentes relacionadas ao cristianismo. A tentativa de explorar novos horizontes tem méritos, pois proporciona uma abordagem fresca e diferenciada, acrescentando diversidade ao cenário cinematográfico, o que por si só justifica a experiência.









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9 Comments


Gabriele Oliveira
Gabriele Oliveira
Nov 01, 2023

me deu vontade de assistir! adorei

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ma.cordovil
Oct 31, 2023

Uau! muito interessante, tanto a proposta do filme quanto essa análise, me despertou vontade de assistir!

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marimacky
Oct 30, 2023

Achei a proposta do filme super interessante, vou colocar na minha lista!

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Alicia Oliveira
Alicia Oliveira
Oct 30, 2023

Que texto maravilhoso! Ao mesmo tempo que não me interessei tanto pra assistir pelos problemas no roteiro, achei muito interessante essa abordagem de uma cultura pouco explorada ainda mais em um gênero como o terror.

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Will
Oct 30, 2023

Ótima crítica! Quero assistir, ainda mais que é dos mesmos produtores de Corra!

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