Crítica | Jogos Mortais X

Uma franquia tão longa como Jogos Mortais torna difícil imaginar a inserção de novos enredos. De fato, não há nada realmente novo e espetacular em descobrir que o protagonista, John Krahmer, interpretado por Tobin Bell, está com câncer terminal. A trama mais uma vez se concentra no antagonista tentando salvar sua própria vida de diversas formas, enquanto ao mesmo tempo testemunha pessoas ao seu redor sendo punidas por ações ruins que ele presencia ao longo de sua vida.

De forma totalmente desconexa, em Jogos Mortais X, ele é apresentado a um projeto por um conhecido, que também frequentava reuniões de apoio para pessoas com câncer. Este projeto é apresentado como uma ideia milagrosa que pode salvar vidas e curar o câncer. No entanto, pelo trailer, já percebemos que a ideia não é o que parece, e é aí que começam os primeiros erros.

Durante o filme, vemos o quão John é uma pessoa bem educada e inteligente, como já vimos nos filmes anteriores da franquia. No entanto, deixam lacunas em aberto para entendermos como o personagem poderia cair em golpes fajutos de forma tão fácil. Desde o início do filme, vemos uma tentativa de trazer o lado humano e sentimental do personagem à tona, devido à doença e à fé constante em uma cura. Isso pode tê-lo cegado a ponto de não perceber a situação em que se colocou.

Debilitado, ele conta com o retorno de Amanda Young, sua aprendiz, interpretada por Shawnee Smith. Amanda não apenas participa das ações mais angustiantes, mas também demonstra ter um lado emocional que preocupa John. Ele acredita que Amanda será sua sucessora após sua morte, para continuar o "trabalho" que ele começou.

Há mudanças bruscas nas atmosferas do filme, como inserir uma morte brutal e, em seguida, passar para uma cena emotiva entre dois personagens. Isso faz com que o espectador se choque por um momento e tente processar tudo o que está acontecendo, mas então algo completamente diferente acontece, quebrando aquele sentimento que você nem sabe o que é. O filme inteiro mantém essa mistura, deixando você realmente querendo processar alguma coisa.

O filme é ambientado no México, sem motivo aparente, e não faz conexão coerente com a história em nenhum momento. São inseridos personagens que falam apenas espanhol, mas conseguem entender algumas partes em inglês. O filme mostra partes periféricas do México com um filtro sutil de sépia, que não tem utilidade alguma.

Os novos personagens inseridos para se tornarem vítimas dos jogos são mais do mesmo, mas Cecilia Pederson, interpretada por Synnøve Macody, tem momentos destacados em seu roteiro que tornam a personagem mais interessante e bem trabalhada. Sua personalidade é moldada desde o início até o final do filme.

"Jogos Mortais X" é mais um filme para os fãs da franquia, com horror, sangue e muitas cenas violentas que provavelmente entrarão para a lista das armadilhas mais cruéis do Jigsaw. No entanto, o roteiro é falho e não traz muitas novidades sobre os personagens, nem explora novas possibilidades para trazer o pensamento do antagonista para uma nova realidade. No entanto, para aqueles que se decepcionaram com o filme anterior, este será uma grande surpresa, pois demonstra que há maneiras de trabalhar com o clichê, pensar em plot twists interessantes e agradar os fãs do horror.

O filme possui cenas pós-créditos! Não saia sem antes assistir, vale totalmente a pena.